segunda-feira, 23 de novembro de 2015




O poeta plantava palavras bonitas e coloria os corações acinzentados daquela gente toda que ainda acreditava num mundo melhor.
O poeta traduzia o amor, e emocionava, e eternizava-se em cada letra que sua caneta caprichosamente desenhava.
As belezas que haviam sido esquecidas, os ventos, os fins de tardes melancólicos. 
O mundo estava ao contrário, o certo era o avesso do bem. 
Mas o poeta, era um apanhador de sonhos, sofria as dores do mundo e transformava em poesia.
O poeta era um anjo bom.
Então Todas as armas haviam sido empunhadas e os disparos antes de cortar a carne, cortavam o silêncio das madrugadas destas cidades insones. 
Bombas rachavam paredes e corações. 
Mas o poeta, num misto de utopia e sensibilidade, contava a história dos corações reconstruídos, 
contabilizava que para cada arma apontada a um alvo inocente, dez flores eram depositadas nas praças em homenagens saudosas, para cada bomba detonada, dez velas eram acesas com preces clamando por paz.  
Então os homens construiam muros mais altos, fronteiras mais seguras, dividiam cada vez mais seus mapas, cada cor, cada classe, cada religião. 
Tudo era divisor. 
O mundo era cada vez mais egoísta, desumano, desigual. 
Cada indivíduo era uma ilha ao contrário daquilo que o poeta falou.
O poeta olhava pela janela, o mundo lá fora era triste demais, mas a sua caneta era certeira, escrevia sobre igualdade 
IGUALDADE!
E o seu discurso era o céu, suas estrelas, sua imensidão desconhecida. 
E também era o poema mais bonito e era o grito que falava com firmeza: 
"eu tenho um sonho! eu tenho um sonho meus irmãos".
O poeta era desregulado, meio sem sorrisos, mas acima de tudo, ele era amigo de Deus. 
Ele fazia da amargura dos homens uma canção. 
Então toda a esperança havia sido depositada sobre as promessas dos engomados senhores com suas gravatas caras, 
toda confiança canalizada nos votos destinados aos ocupantes daqueles sapatos lustrosos. 
Mas por trás daqueles sorrisos e acenos políticos, vestidos com seus ternos finos, moravam homens podres, 
pessoas desprovidas de valores. 
Neles inexistia compaixão, eles haviam vendido suas almas.
Mas o poeta, num misto de resistência e pureza,
contava histórias de amor, daqueles impossíveis, improváveis, ou de uma solidão de dar dó,
fava sobre olhares trocados, encontros inesquecíveis com o acaso nestas esquinas perdidas.
O poeta era amor verdadeiro mesmo quando escrevia sobre um amor que nunca existiu.

O poeta era paz para as dores do mundo.
Mesmo que existisse uma guerra em seu coração.



Texto de Rafael Welter Feck

ESTEIO   Rs.

81460015

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