HISTÓRIA


 


História......



O Segredo que a Fama Escondeu: Quando o Maior Drible de Ronaldinho não Foi em Campo, mas no Destino de um Amigo Esquecido nas Ruas.


Naquela manhã opressiva, Ronaldinho Gaúcho decidiu fazer algo que não fazia há séculos: visitar o bairro onde foi criado. Sem pompa, sem proteção, sem anunciar sua chegada. Apenas ele, um boné escuro puxado sobre as sobrancelhas, uma camiseta retro do Barça e uma saudade silenciosa de memórias adormecidas.


O veículo parou em uma via estreita e mal pavimentada, ladeada por residências com muros rachados e fachadas desgastadas pelo tempo. Era ali que tudo começara, onde ele aprendera a driblar entre chinelos, a marcar gols entre traves imaginárias e a sonhar com multidões nos estádios, mesmo jogando na terra batida sob um sol impiedoso.


Ele desceu e começou a caminhar lentamente pela calçada irregular, observando cada esquina, cada portão oxidado, cada parede repintada, tentando encontrar um ponto de referência. Mas não eram as cores que o chamavam a atenção; era a ausência delas. Era como se a alegria daquele lugar tivesse sido sugada.


E então, ao final da rua, avistou uma figura sentada no chão, encostada na parede de um edifício antigo, com os joelhos dobrados e o olhar perdido no vazio. Era um homem com barba por fazer, cabelos desalinhados e roupas marcadas pelo tempo, mas não era um morador de rua qualquer. Havia algo naquela expressão cansada que fez Ronaldinho parar.


Ele ficou imóvel por alguns instantes. Seu coração começou a acelerar. Aproximou-se com cautela, tentando distinguir melhor os traços daquele rosto, enquanto uma estranha combinação de nostalgia e apreensão tomava conta de seu peito. O homem então ergueu os olhos, como se tivesse sentido uma presença familiar.


E naquele exato momento, Ronaldinho congelou. Ele reconheceu aquele olhar. Era Paulo, o mesmo Paulo com quem dividira pão, chutara bola contra o muro da escola e conversara sobre o futuro, sonhando com uma vida diferente. Só que agora esse futuro parecia não ter chegado para ambos. Paulo o encarou sem proferir palavra.


Com os lábios ressecados, fez apenas um pedido, quase um sussurro, que cortou Ronaldinho como uma faca. "Me arruma um trocado pra comer?" A voz tremia, não de emoção, mas de fome, de necessidade, de abandono. E naquele instante, Ronaldinho sentiu o mundo girar, o passado e o presente colidindo com uma força incontrolável.


Respirou fundo, deu um passo à frente e perguntou, com os olhos úmidos. "Paulo, é você?" Ronaldinho não sabia como reagir. Permaneceu ali parado, observando aquele homem que um dia fora como um irmão. O Paulo da sua infância era o menino ágil que jogava de calça rasgada e ainda assim marcava gols de calcanhar.


Era o mais engraçado da turma, sempre com uma piada na ponta da língua, sempre disposto a dividir o pouco que possuía. Mas agora, agora parecia outra pessoa. As ruas haviam roubado o brilho de seus olhos, a firmeza de suas mãos, a segurança em sua voz, mas não apagaram tudo. Ainda havia, escondido sob a sujeira e a barba crescida, aquele mesmo Paulo de outrora. Machucado, sim, mas vivo.


Ronaldinho se abaixou lentamente e sentou no chão ao lado dele, sem se importar com a poeira ou com os olhares desconfiados das poucas pessoas que passavam. Paulo piscou devagar, como se tentasse acreditar no que via. Demorou alguns segundos, mas a ficha caiu. Ele arregalou os olhos e murmurou com uma voz que misturava vergonha e surpresa. "Dinho... é o Dinho mesmo?"


Ronaldinho sorriu, um sorriso triste e carregado de emoção. "Sou eu, meu irmão." Por alguns momentos, nenhum dos dois disse nada. O silêncio entre eles era mais pesado que qualquer diálogo. Ronaldinho olhava para Paulo e tentava imaginar tudo o que lhe havia acontecido para chegar àquele ponto.


Paulo, por sua vez, parecia lutar contra a vergonha de ser visto naquela situação por alguém que alcançara tanto sucesso, que conquistara o mundo com seu talento e carisma. Mas Ronaldinho não estava ali como astro; estava ali como amigo, como alguém que compartilhara infância, sonhos, derrotas e pequenas vitórias nas ruas daquele mesmo bairro.


Ele colocou a mão no ombro de Paulo e perguntou com calma: "O que foi que aconteceu com você, cara?" Paulo baixou os olhos, respirou fundo e começou a falar. Falava baixo, com longas pausas, como quem precisa escolher as palavras para não chorar. Contou que a vida fora dura, que perdera a mãe muito cedo, que o pai desaparecera, que tentara trabalhar, tentara estudar, mas o mundo não fora generoso.


Disse que, depois de perder o emprego e não conseguir mais pagar o aluguel, acabara dormindo na rua e ali permanecera. Esquecido. Invisível. Ronaldinho ouvia tudo em silêncio, sem interromper, apenas escutando, e cada palavra de Paulo soava como um soco no peito. Como podia alguém tão bom, tão generoso, terminar daquele jeito? Como a vida podia dar voltas tão injustas? Ele apertou mais o ombro do amigo e disse baixinho: "Isso vai mudar agora."


Paulo tentou disfarçar o choro, mas não conseguiu. As lágrimas escorriam pelo rosto sujo, traçando caminhos entre a poeira e o tempo. Tentou se recompor, enxugando o rosto com a manga furada da camisa, mas Ronaldinho o segurou pelo braço com carinho e disse: "Chora, irmão. Você passou por coisa demais. Ninguém é de ferro."


Aquela frase simples quebrou a última barreira de orgulho que restava. Paulo desabou. Chorou como uma criança. Chorou pelos anos perdidos, pela fome, pela solidão. Chorou por tudo o que nunca tivera coragem de contar a ninguém. E ali, no meio da rua, no chão quente e áspero, os dois amigos permaneceram abraçados, um tentando consolar o outro, ainda que a dor fosse toda de um só.


Ronaldinho, com a voz ainda embargada, tirou o celular do bolso. "A gente vai sair daqui agora. Eu vou te ajudar." Paulo levantou os olhos, assustado. "Mas pra onde? Eu nem tenho documento mais. Nem sei se consigo trabalhar de novo. Eu não sou ninguém, Dinho." Essas palavras doeram mais do que qualquer coisa. Ronaldinho se ajoelhou diante dele e disse com firmeza: "Você é alguém? Sim. Você é o cara que me ensinou meu primeiro elástico, que me defendia no colégio quando zoavam da minha risada. Você é meu amigo, e isso não mudou."


Pouco depois, um carro escuro chegou devagar na esquina. Era o motorista de confiança de Ronaldinho. Ao ver Paulo, o homem ficou visivelmente surpreso, mas nada disse. Ronaldinho apenas abriu a porta traseira e fez sinal para Paulo entrar. O homem hesitou, olhou para si mesmo, para as roupas rasgadas, para os pés sujos. "Eu vou sujar tudo. Eu tô fedendo, Dinho." Mas Ronaldinho segurou a porta e respondeu: "Não importa. Esse carro já levou jogador suado depois de treino. Já levou cachorro doente pro veterinário. Agora vai levar meu amigo."


( A/D )


" Doar SANGUE é salvar VIDAS. "

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