“Há poucos homens capazes de prestar homenagem ao sucesso de um amigo sem qualquer inveja.” (Ésquilo)
Muitos se alegram com as dores do outro. Contraditório? Não. Quando alguém não consegue uma vitória que havia buscado há uma solidariedade, por vezes, camuflada. É mais fácil ser solidário na dor do que se alegrar com as conquistas dos amigos.
Bom mesmo é sorrir com nossas conquistas e ver o olhar do outro querendo consumir, em prestações, a nossa felicidade. A inveja, talvez, tenha sua raiz na incapacidade que uma pessoa carrega em si de fazer a diferença a partir de suas próprias capacidades. Quando o jardim do outro parece mais bonito do que o nosso próprio jardim, passamos a vida a contemplar as flores que não nos pertencem. Assim, deixamos as nossas morrerem secas pela inveja que não nos permite cuidar de nossa própria vida.
Não é o elogio que faz o outro feliz, mas a capacidade que temos de cuidar de nossa própria vida e deixar que o outro siga seus próprios caminhos. Quem se preocupa demais com a vida alheia já não tem mais tempo de cuidar de suas próprias demandas existenciais. Em vez de contemplar sua própria face, enxerga sempre, no lago de seus pensamentos, o rosto da felicidade alheia. Perdeu seus olhos em um mundo que nunca será seu.
O tempo usado para vigiar a vida do outro seria muito mais bem aproveitado se a gente cuidasse da própria vida.
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